Cinthia rebate Prefeitura de Palmas e diz que dívida de R$ 2,5 milhões do transporte é “criada pela atual gestão”
Ex-prefeita reage ao acordo firmado pelo Paço com empresa do transporte coletivo e afirma que não deixou débitos pendentes; Eduardo Siqueira cita parecer do TCE e diz que valor foi herdado
Yasmim Rodrigues/Bastidores do Tocantins
A ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), reagiu nesta segunda-feira (27) ao anúncio feito pela Prefeitura de Palmas sobre o pagamento de um débito de R$ 2,52 milhões referente ao antigo contrato de concessão do Sistema Integrado de Transporte (SIT).
Segundo a atual gestão, comandada pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), o acordo — assinado em 9 de setembro e publicado no Diário Oficial do dia 24 — tem o objetivo de “encerrar pendências administrativas e financeiras herdadas de gestões anteriores”. O valor se refere à locação de veículos entre fevereiro de 2023 e maio de 2025 e será pago em 40 parcelas de R$ 63 mil.
A tucana, no entanto, contesta a versão e afirma que o débito não existia até o término de seu mandato. “Não existia débito consolidado ou valor reconhecido pela prefeitura até janeiro de 2025. O acordo anunciado agora é de inteira responsabilidade da atual administração, que deve explicar os critérios, valores e condições firmadas”, disse Cinthia em nota.
“É hora de assumir a responsabilidade dos próprios atos”
Em tom crítico, Cinthia rebateu o argumento de que as pendências teriam sido herdadas.
“É hora de assumir a responsabilidade de seus atos, ao invés de tentar imputar a outros o desgaste dos erros de sua própria gestão”, afirmou.
A ex-prefeita também sugeriu que Eduardo Siqueira Campos não teria se atualizado desde seu último mandato como prefeito da Capital, entre 1993 e 1997.
“A administração pública mudou muito em 30 anos. Não se atualizar e continuar com as mesmas práticas lamentáveis do passado é um erro que expõe a fragilidade de comando desta gestão”, disparou.
Cinthia ainda questionou a eficiência da atual gestão e apontou “problemas administrativos e de liderança que se tornaram públicos”.
Paço cita recomendação do Tribunal de Contas
Em resposta, a Prefeitura de Palmas afirmou que o acordo foi firmado após recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE/TO), por meio de parecer técnico da Coordenadoria de Análise de Atos, Contratos e Fiscalização de Obras e Serviços de Engenharia (Caeng).
Segundo o documento, o valor negociado “corresponde a 378% a menos do que o contrato de dispensa de licitação firmado em julho de 2023”, e o termo foi uma forma de “ajustamento de gestão” para encerrar pendências administrativas.
O município destacou ainda que o parcelamento foi definido “sem juros, correção monetária ou acréscimo de encargos”, com pareceres da Procuradoria-Geral do Município e da Controladoria-Geral, e que não há relação entre o acordo e o contrato vigente com a empresa Sancetur, responsável pela operação atual do transporte coletivo.
Cinthia reage nas redes: “Não te elegi para choramingar”
Além da nota oficial, Cinthia também se manifestou em suas redes sociais, criticando diretamente o prefeito.

“Já se passaram 10 meses e tudo que escuto até aqui é: ‘a culpa é da prefeita Cinthia’. Até quando?”, questionou.
Em outro trecho, alfinetou Eduardo Siqueira:
“Não te elegi para choramingar ou fabricar desculpas. Esperamos solução, resultado, eficiência. Tá passando da hora de desligar o modo ‘campanha’ e colocar o gestor em ação. Te ajudo!”.
Contexto
O Termo de Acordo nº 001/2025, firmado entre o município e a empresa Palmas Transporte e Turismo Ltda., foi publicado no Diário Oficial de 24 de outubro. A administração justifica que o entendimento foi baseado em recomendações técnicas e visa regularizar pendências antigas do contrato do Sistema Integrado de Transporte (SIT).
Já a ex-prefeita Cinthia Ribeiro afirma que durante seu mandato “todas as obrigações foram cumpridas com responsabilidade e transparência” e que não havia “qualquer débito consolidado” até o fim de sua gestão.



