Cultura

Governo do Tocantins atua na valorização cultural das mulheres indígenas artesãs das bonecas Ritxokos com selo de Identificação Geográfica

Ação realizada com o Iphan e Sebrae atribuirá reputação, valor intrínseco e identidade própria às bonecas Ritxoko.

João Pedro Gomes/Governo do Tocantins

Argila, água e tintas extraídas de ucurum e ixarurina: essas são as bases para a confecção das bonecas Ritxokos, feitas exclusivamente por mulheres da etnia Iny (lê-se Inã, povo também conhecido como Karajá). Não há uma receita única de como criar essas bonecas de cerâmica que representam figuras humanas, elementos da fauna e suas crenças, porém, todas as técnicas são repassadas de forma hereditária.

Conhecidas internacionalmente, as Ritxokos, utilizadas como brinquedos e instrumentos de socialização das crianças indígenas, são produzidas no Tocantins. Com isso, o Governo do Estado, por meio da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), em ação conjunta com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), começaram nesta segunda-feira, 22, a traçar o planejamento para o conferimento do registro de Identificação Geográfica (IG) a esse artesanato.

A secretária da Sepot, Narubia Werreria, pontuou que a ação terá resultado significativo para as ceramistas. “A junção da Sepot, Iphan e Sebrae potencializa o selo [de Identificação Geográfica] e todo um trabalho em relação à salvaguarda dessas bonecas, e também a inserção adequada no mercado, para que as criadoras das peças tenham um retorno financeiro para o trabalho delas. Muitas vezes o valor maior fica na mão do atravessador, e o que queremos é a valorização financeira dessas mulheres e o reconhecimento cultural que elas merecem”, destacou.

“Nós faremos um termo de cooperação técnica e buscaremos criar um grupo de trabalho. O Sebrae já desenvolve uma atividade muito bonita com as Ritxokos, o Iphan as consolidou como patrimônio cultural brasileiro, e a Sepot também possui grande contribuição, com seu corpo técnico muito qualificado. A potencialização desse projeto, com essas três forças conjuntas, vai culminar no fortalecimento cultural dessas mulheres que são as mestras na construção desse símbolo do nosso Tocantins”, complementou a gestora da Pasta.

Parceria

A chefe da divisão do Iphan Tocantins, Cejane Pacini Leal Muniz, comunicou que o Iphan está à disposição para atuar em prol do fortalecimento da cultura Iny por meio do selo de Identificação Geográfica. “O Iphan tem uma série de dados que vêm sendo levantados junto às comunidades desde quando houve o registro das Ritxokos como patrimônio cultural brasileiro, e a partir disso estamos disponíveis para recebermos essas demandas e ver essas ações que já foram demandadas por essas mulheres indígenas para serem efetivadas enquanto ação. Estamos à disposição para cooperar nesse processo”, afirmou.

O diretor superintendente do Sebrae Tocantins, Rérison Antônio Castro Leite, corroborou com o desejo mútuo das partes em realizar uma ação efetiva na valorização dos povos originários. “O Sebrae transcende a missão de fomentar os pequenos negócios. Quando valorizamos a cultura e as tradições do Brasil, através da preservação e certificação, conseguimos valorizar o que é vendido pelos nossos povos indígenas. A política aplicada pelo Sebrae hoje vai totalmente de encontro à sustentabilidade, valorização do ser humano e das nossas comunidades originárias, e isso é importante demais, uma vez que a boneca Ritxoko é reconhecida no mundo inteiro e precisa de proteção para ter a valorização que ela merece”, destacou.

Identificação Geográfica

O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know-how ou savoir-faire).

* Com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária

Edição: Elaine Jardim/Governo do Tocantins

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