Estande do Tocantins no Salão do Artesanato reúne trabalhos feitos por povos Javaé, Krahô e Karajá pela primeira vez
Membros de associações indígenas estão entre os artesãos que expuseram e comercializaram peças durante a 16ª edição da feira
Ascom/ Governo do Tocantins
Como forma de incentivar o crescimento e a expansão do artesanato tocantinense, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), tem apoiado, através de editais de chamamento público, a participação de artesãos do Estado em feiras nacionais. A exemplo disso está o 16º Salão do Artesanato, que aconteceu em Brasília (DF), entre os dias 15 e 19 de novembro, com a participação de nove artesãos e entidades representativas de diversas partes do Tocantins, reunindo pela primeira vez três etnias indígenas distintas ao mesmo tempo: Javaé, Krahô e Karajá.
Dentre as peças comercializadas pelas associações estão acessórios de uso pessoal, como bolsas de tucum, palha e talo de buriti, colares e pulseiras feitos com sementes e miçangas, objetos feitos em argila, como as bonecas Ritxòkò, e madeira, como como os bonecos Kawa Kawa, entre outros.
Do município de Formoso do Araguaia, o artesão Vanderson Suará Javaé preside a Associação da Aldeia São João e contou como se deu o processo de trazer o artesanato Javaé para participação em feiras nacionais. “Nós temos um grupo de dez pessoas dentro da nossa associação e eu gostaria de expandir isso para todas as aldeias Javaé, então participar da feira com certeza ajuda a divulgar esse trabalho. Nós estamos trabalhando com dois tipos de projetos. Um de biojoias, que vem da natureza, e outro de miçangas, em que fazemos vários tipos de colares, pulseiras e cocares também. Nosso artesanato já existia, mas faltava alguém que estivesse à frente, então peguei esse papel na associação para reativar conhecimentos tradicionais, de artesanato e outras culturas”, explicou.
Participando de uma edição do Salão do Artesanato pela primeira vez, Patrícia Karajá expôs em Brasília produtos criados por seu povo. Anteriormente, ela também já havia participado de uma edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), em Olinda.
“Acho que nos produtos que trouxe para o Salão do Artesanato há o trabalho de cerca de 1000 artesãos, homens e mulheres Karajá. Gostei bastante de participar. A viagem foi longa até a feira, mas foi uma boa experiência para fazer novas vendas e mostrar o trabalho feito”, disse.
Cada um trouxe para a feira representações da arte do seu povo, com suas particularidades e características únicas, retratando em cada peça produzida sua cultura, seu gosto estético e seu dia a dia.
Do povo Krahô, vindo do município de Goiatins, Gustavo Xôhtyc Krahô participa de feiras desde os 17 anos. Aos 24, em 2023, já esteve na Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), em Fortaleza (CE), e no Salão do Artesanato, em Brasília, onde também trouxe trabalhos de diversos artesãos. Ele explica o tipo de peça que homens e mulheres Krahô desenvolvem e que nas feiras um dos trabalhos que mais saem são as pulseiras.
“Represento a associação da minha comunidade, o Centro Cultural Kàjre, que tem mais ou menos 50 pessoas. Os homens fazem as bolsas de buriti e as mulheres fazem pulseiras, gargantilhas e bolsas de tucum. As pulseiras são o item que mais saem e os desenhos que vem nelas são escolhidos pelas próprias artesãs”, explicou.
Presente no Salão do Artesanato, onde acompanhou a participação dos artesãos tocantinenses no estande dedicado ao Estado, a superintendente de Fomento e Incentivo À Cultura, Kátia Maia Flores, falou sobre o fato de que oportunidades como as feiras nacionais possibilitam não somente a divulgação do trabalho artesanal desses povos, mas também uma troca valiosa de experiências e saberes.
“O artesanato indígena é muito potente porque é a vida, é algo que faz parte do cotidiano, que conta a história desses povos, então há algum tempo tem havido todo um esforço em trazer esses artesãos para que mostrem seus trabalhos e conheçam o trabalho de outros povos”, disse.
Para Kátia, conseguir unir três etnias distintas em uma única feira tem uma enorme importância, já que no cotidiano essa convivência e troca de saberes de um povo com o outro acontece tão facilmente. “Em um espaço como esse, de exibição e comercialização de seus produtos, eles trocam essas experiências e o resultado desse trabalho e dessas participações aconteceu lá nos editais da Lei Paulo Gustavo, onde nós abrimos um específico para esses povos e eles responderam com muitos projetos. Isso é extremamente importante e o Estado acredita nisso, investe nisso e aposta no sucesso disso”, finalizou.
Outros trabalhos e linguagens
Além da presença do artesanato Javaé, Krahô e Karajá, vindo das regiões de Formoso do Araguaia, Goiatins, Itacajá e Ilha do Bananal, também participaram do 16º Salão do Artesanato artesãos de outras regiões do Estado, como Dianópolis, Novo Jardim, Ananás, Gurupi e Palmas, reunindo diversas linguagens do artesanato tocantinense, com matérias-primas que incluem o capim dourado, a madeira, o jatobá, a fibra de bananeira, entre outros.