Tocantinense se torna vereador mais votado do PSOL no Rio de Janeiro

Yasmim Rodrigues/Bastidores do Tocantins 

Rick Azevedo, natural de Dianópolis, Tocantins, fez história ao ser o vereador mais votado do PSOL no Rio de Janeiro. Com 29.364 votos, ele alcançou a 12ª posição geral entre as 51 cadeiras da Câmara Municipal, superando nomes tradicionais do partido, como Mônica Benício, viúva da ex-vereadora Marielle Franco. Aos 30 anos, Rick destacou-se por uma pauta voltada à classe trabalhadora e à luta por melhores condições de trabalho.

Um ano antes de sua eleição, Azevedo fundou o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), que tem como foco a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 (seis dias trabalhados para um de folga). Ele ganhou destaque nacional após um vídeo no TikTok, onde criticou o atual regime trabalhista, viralizar. “Isso é uma escravidão moderna. Moderna, não. Ultrapassada,” afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo, refletindo o sentimento de muitos trabalhadores. O vídeo, gravado enquanto ele trabalhava em uma farmácia, levou seu nome para além das redes sociais.

A repercussão foi surpreendente para o jovem político: “Era apenas um desabafo. Não imaginava que tomaria essa proporção. Quando vi o alcance, percebi que era o que eu precisava.” O movimento cresceu rapidamente, e uma petição para mudar a legislação trabalhista alcançou 200 mil assinaturas. Com o apoio da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a proposta se transformou em uma Emenda à Constituição apresentada ao Congresso em 1º de maio. “Precisamos reforçar e atualizar a CLT. O discurso de que as pessoas não querem mais CLT é uma tentativa de desmantelá-la, e isso está errado,” defendeu Rick.

Mesmo com foco em pautas de âmbito nacional, Azevedo acredita que pode contribuir para a classe trabalhadora como vereador. “Enquanto estiver na Câmara, vou dialogar de forma firme para garantir que os trabalhadores não sejam tão explorados,” afirmou. Durante a campanha, Rick contou que conversou com um empresário do setor de supermercados que reconheceu a necessidade de mudanças no modelo 6×1, afirmando: “Seu debate está correto, realmente o 6×1 é ultrapassado.”

Apesar de contar com apenas R$ 60 mil do partido para sua campanha – valor bem inferior ao dos candidatos à reeleição, que receberam mais de R$ 300 mil –, Rick Azevedo conseguiu mobilizar apoio significativo nas zonas norte e oeste do Rio de Janeiro. Sua mensagem direta e combativa ajudou a ampliar a votação do PSOL nas regiões mais carentes da cidade, mesmo em um cenário de redução de cadeiras do partido na Câmara, que passou de seis para quatro.