Justiça Federal ordena retirada de carro preso em fenda após desabamento de ponte entre TO e MA
Veículo pertence a vendedor que depende dele para trabalhar; tragédia deixou 14 mortos e 3 desaparecidos.

Yasmim Rodrigues/Bastidores do Tocantins
A Justiça Federal determinou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) retire, em até 10 dias, um carro de passeio que ficou preso em uma fenda após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que liga os estados do Tocantins e Maranhão. A tragédia, ocorrida em 22 de dezembro de 2024, deixou 14 mortos, 3 desaparecidos e causou o colapso completo da estrutura.
O veículo pertence a um vendedor que utiliza o carro como ferramenta de trabalho e havia solicitado a retirada do bem ou o fornecimento de um automóvel substituto. No entanto, segundo a decisão judicial emitida pela 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Imperatriz (MA), não houve resposta do DNIT ao pedido da família.
Uma tragédia com sobreviventes e consequências
No momento do acidente, três pessoas estavam no carro preso na estrutura. A jovem Laís Lucena, que estava no veículo com o esposo e a cunhada, relatou o momento de desespero:
“Para nós, estarmos aqui hoje é um milagre. Não temos explicação de como conseguimos sair dali. Só Deus nos orientou. Foi tudo muito rápido, sem tempo para pensar, apenas corremos e pulamos as rachaduras. Hoje, minha vida é um milagre de Deus”, disse ela.
A decisão judicial enfatiza que a omissão do DNIT em adotar medidas preventivas contribuiu para o acidente. O juiz Georgiano Rodrigues Magualhães Neto destacou o impacto na vida do proprietário do carro, que é representante comercial de produtos agropecuários, afirmando que o prejuízo é agravado pela impossibilidade de uso do veículo.
Buscas continuam e DNIT sob investigação
Quase um mês após o desabamento, as buscas pelos três desaparecidos seguem sendo realizadas pelos bombeiros e pela Marinha. As operações foram temporariamente suspensas devido à abertura das comportas da barragem de Estreito, mas foram retomadas na semana seguinte.
O DNIT enfrenta forte pressão pública. O superintendente do órgão no Tocantins e outros quatro servidores foram afastados enquanto uma sindicância investiga as causas do desabamento. A Polícia Federal também apura responsabilidades.
Entenda o colapso
A ponte, localizada entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), cedeu no vão central, lançando dez veículos ao rio Tocantins. Entre eles, estavam motos, caminhonetes e caminhões transportando cargas perigosas, como 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.
A interdição total da ponte impactou motoristas e moradores da região, que agora precisam utilizar rotas alternativas. Segundo o DNIT, a causa do colapso ainda está sendo investigada, mas documentos divulgados recentemente apontam que uma empresa foi contratada por mais de R$ 6,4 milhões para auxiliar na remoção dos destroços e recuperação emergencial da área.