Jovem indígena é queimado com ferro de marcar gado e família denuncia agressão como ato de racismo e tortura
Prima da vítima afirma que caso foi tratado como “brincadeira” por caseiros; adolescente de 15 anos teve queimadura de segundo grau nas costas.
Yasmim Rodrigues/Bastidores do Tocantins
Um adolescente indígena de 15 anos sofreu uma queimadura de segundo grau após ser ferido com um ferro de marcar gado, em uma propriedade rural próxima à aldeia Barreira Branca, no município de Sandolândia, sul do Tocantins. A agressão ocorreu na última segunda-feira (28) e, segundo a família, foi praticada por um vaqueiro, durante uma atividade de marcação de rebanho.
De acordo com a prima da vítima, Koynakaru Karajá, o jovem foi tratado “como um animal” e os responsáveis pelo local alegaram que tudo “foi uma brincadeira”.
“Não tem essa de brincadeira. Isso é inaceitável. A família está revoltada, queremos justiça. Ele foi tratado como se não fosse humano”, afirmou Koynakaru ao Bastidores do Tocantins.
O Instituto dos Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (ICAPIB) emitiu nota de repúdio, classificando o episódio como ato de racismo e tortura. A agressão aconteceu no Retiro Moita Verde, localizado na região da Ilha do Bananal. A Polícia Civil informou que a ocorrência está sendo investigada pela 84ª Delegacia de Formoso do Araguaia, que já ouviu familiares da vítima.
Segundo relatos, o adolescente havia sido enviado pelo pai à propriedade para ajudar na marcação de um bezerro. A tia da vítima, Ana Fátima Mahiru Karajá, contou que o jovem segurava o animal quando foi atingido de forma repentina nas costas.
“Ele foi marcado com o mesmo ferro usado no bezerro. Só contou à mãe horas depois, quando começou a sentir ardência”, relatou.
Imagens divulgadas pela família mostram uma marca de número 5 invertido nas costas do adolescente, provocada pela queimadura.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou que o adolescente está sendo acompanhado por equipe médica e psicológica da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), no polo de Sandolândia. A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais do Tocantins afirmou que acompanha o caso, mas não registrou outras ocorrências semelhantes.
Até a publicação desta reportagem, o nome do suspeito não havia sido divulgado oficialmente e não houve manifestação da defesa.



